quinta-feira, 29 de abril de 2010

Governação à vista

Na época das novas tecnologias, com um Governo que no seu mandato anterior optou por dar a todos os cidadãos um verdadeiro choque tecnológico (não só em tecnologia), parece que tudo voltou uns anos atrás, à altura em que as caravelas navegavam ao sabor da corrente e dos ventos que sopravam na altura, ora para Oeste e encontrávamos o Brasil, ora para sul e depois para Este e caíamos de "para-quedas" na Índia... O que o Governo está a fazer nos dias de hoje é em tudo comparável a esses tempos, em vez de navegar por instrumentos, navega à vista, ou melhor, governa à vista, mas não sem antes atirar com areia para os olhos dos que, como eu, vão atentamente seguindo as suas decisões!

Na mesma página do Publico on line, hoje podem-se ler duas noticias completamente contraditórias, e que servem de exemplo puro desta "navegação" à vista! A primeira dá-nos conta de que o TGV e o novo aeroporto de Lisboa vão avançar como previsto anteriormente, enquanto que as "auto-estradas do centro" vão ser reavaliadas. A segunda apresenta-nos um negócio de cariz e conteúdo considerado altamente pornográfico, a entrega de um negócio de 1429 milhões de euros a um consórcio liderado pela Ascendi (grupo Mota-Engil, porque será?) para se construir uma nova autoestrada de 567kms no seu total para dar a volta ao interior do país!

Alguém já viajou num dia qualquer da semana pela A3 a norte de Braga até Valença? Alguém já viajou num dia qualquer da semana (excepto os primeiros 15 dias de Agosto) na A2 de Grandola até Albufeira? Qualquer semelhança com elefantes brancos a assaltarem os bolsos dos contribuintes portugueses é pura realidade!!

Só não vou ao protesto contra as portagens nas SCUT do Norte Litoral se não puder! Alguém tem que fazer perceber a este governo que pelo menos 40% da população (a percentagem que não recebe qualquer subsidio de reinserção social ou pensões do estado) chegou ao limite, bateu no fundo, chega de brincar com o nosso dinheiro, não à Mota-Engil, não ao Jorge Coelho, não aos bancos e não aos empreiteiros!!!

Links para as 2 notícias em questão

Autoestrada de 1429 milhoes, in Publico

TGV e Aeroporto mas autoestradas não, in Publico

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Exequibilidade vs Irreverencia

"As pessoas tendem a usar o que conhecem, e se só sabem usar um martelo, todos os problemas são parecidos com um prego …" MM

Não pude evitar, gostei muito desta frase! Ela foi escrita pelo meu primeiro chefe, necessariamente um dos meus mentores iniciais do meu percurso profissional, e uma das pessoas com quem muito aprendi... Esta frase sintetiza muitos dos problemas com que nos deparamos no nosso dia-a-dia, e pode ser bem entendida quase como uma lição, devemos analisar e tentar equilibrar sempre a explosiva mistura entre o que é exequível em termos muito práticos, e a irreverencia e rotura que queremos ou gostaríamos de atingir com determinada solução.

Nem sempre é fácil atingir uma boa mistura quando é obrigatório equacionar estes dois compromissos, mas não podemos desistir, temos que tomar decisões e aprender a viver com as suas consequências!

200 mil euros? Coisa pouca...

Pelos vistos não há um valor mínimo para que seja considerado corrupção... Para mim 200 mil euros podia ser considerado, sei lá, como se chama... escapa-me o nome agora neste momento, ah, já sei, corrupção!?!

Num estado em que as decisões dos tribunais sobre crimes económicos chegam a demorar dezenas de anos, um caso mediático como este, que envolve "algum" dinheiro, esperava-se que no mínimo se desse atenção à velha máxima popular de "não há fumo sem fogo", ou neste caso, "não há corrupção sem 200 mil euros"! Mas não, abriu-se um precedente, pelos vistos apenas porque o Sr. Domingos Névoa (homem honesto segundo o seu próprio advogado) se enganou no político a quem queria pedir um favor enquanto cidadão, mas que ao mesmo tempo ofereceu 200 mil euros, coisa pouca portanto! Ora, assim sendo, se me enganar e assaltar a loja errada, desde que consiga provar que a minha intenção era assaltar outra loja, já não posso ser condenado, nem por tentativa de assalto?!? humm, interessante!!


Noticia in JN

E nós criamos o Jacobino

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce". Não nos queremos sobrepor ao todo poderoso, no entanto somos sonhadores, e interpretamos a Sua vontade superior como um desejo para que a obra nasça e cresça! Vamos começar!